Como já foi dito em outros artigos, o joelho é uma articulação extremamente suscetível a lesões de suas estruturas internas como ligamentos, meniscos e a cartilagem, motivo deste artigo.
Até algum tempo atrás acreditava-se que as lesões de cartilagem do joelho não cicatrizavam e, por este motivo, tornaram-se um grande desafio da medicina moderna.
Isso ocorreu porque a cartilagem adulta não possui vasos sanguíneos no seu interior, e por esse motivo recebe a nutrição por meio de um líquido que a reveste, o que reduz o seu potencial regenerativo.
Novos estudos têm sido realizados com o objetivo de prevenir e tratar a lesão de cartilagem, inclusive já sendo demonstrada a capacidade de reparação, desde que oferecidas as condições adequadas para que ela ocorra.
Para entender por que isso ocorre, é importante entender o que é a cartilagem.
O que é cartilagem?
A cartilagem é um tecido fibroelástico que reveste os ossos de nossas articulações. Ela é formada, principalmente, por colágeno, água e células específicas chamadas de condrócitos. A cartilagem não possui vasos sanguíneos, linfáticos ou inervação. Além disso, a cartilagem tem baixo potencial para se regenerar sozinha, característica que se reduz com o passar dos anos.
Para que serve a cartilagem?
A cartilagem tem como função principal amortecer o impacto e suavizar o deslizamento entre as superfícies ósseas. Caso não existisse, haveria atrito entre um osso e outro, o que chamamos de artrose.
Cartilagem do Joelho
A cartilagem do joelho é o tecido que recobre como um colchão a superfície dos ossos, e funciona basicamente como um grande amortecedor, absorvendo o impacto e distribuindo-o de maneira uniforme, evitando assim o excesso de pressão concentrado em um único ponto da articulação.
Por não possuir irrigação, a cartilagem do joelho é considerada um tecido avascular, com poucas células, e abundante matriz extracelular (parte do tecido que está fora da célula).
A cartilagem do joelho possui 4 camadas e tem muita água em sua composição (hiper-hidratada, variando de 66 a 80%). Os espessos feixes de fibras colágenas, principalmente o tipo II, são dispostos de maneira paralela à superfície articular formando uma “pele”, servindo não somente como uma camada limitadora, mas também para a distribuição de forças de compressão.
As fibras da camada basal (mais profunda) da cartilagem ficam perpendiculares à superfície e servem como âncora fixando a cartilagem ao osso. Nas zonas intermediárias as fibras se dispõem mais ao acaso. As fibras oblíquas resistem a forças de tensões.
Quais articulações são mais suscetíveis à lesão de cartilagem?
Todas. Porém as articulações mais envolvidas e as mais sintomáticas são as que sustentam o peso, principalmente as do quadril, joelho e tornozelo.
É verdade que a cartilagem lesada nunca mais é reparada?
Em parte, sim. Isso já foi considerado verdade absoluta no passado. Atualmente sabemos que a cartilagem possui poder de cicatrização e regeneração. O que ocorre na maioria dos casos é a formação de um tecido cicatricial fibrocartilaginoso, sem as mesmas características da cartilagem normal, mas que pode fazer a mesma função por um período determinado.
Toda vez que você realiza um treino, existe destruição parcial da matriz da cartilagem (assim como ossos, músculos e tendões). Na fase de descanso, existe reconstrução da mesma. Para que isso ocorra, a célula da cartilagem chamada de condrócito libera enzimas de comunicação entre os glóbulos brancos (interleucinas) para que as necessidades internas de remodelação sejam atendidas. Quando a destruição é igual a reconstrução, dizemos que existe homeostase. Quando a destruição é maior, teremos uma condropatia.
Sabe-se hoje que a interleucina-1 (IL-1), a interleucina-6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral a (FNT-a) são os principais fatores que estimulam a degradação da matriz da cartilagem do joelho. Estudos recentes mostram que estas enzimas estão aumentadas em pessoas sedentárias e obesas. Em contrapartida, as interleucinas 4 e 10 são protetoras e estimulam as formações cartilaginosas. Chamamos isso de condro-anabólicas.
A boa notícia é que recentemente por meio de conhecimentos de medicina regenerativa, os estudos novos demonstram que sob situações controladas e com estímulos adequados é possível reduzir a velocidade do desgaste, ou até mesmo reverter as lesões de cartilagem, nos casos em que a camada basal ainda não foi atingida.
Quais os principais sintomas para quem tem lesão de cartilagem?
Tipicamente, os sintomas da lesão da cartilagem do joelho incluem:
• Dor na articulação– tanto no repouso, quanto durante o movimento;
• Inchaço– a lesão da cartilagem gera reação inflamatória exuberante e a membrana que recobre o joelho, também chamada de sinovial, responde com o aumento do volume de liquido no joelho, que chamamos de derrame articular. Popularmente chamado de “água no joelho”;
• Rigidez;
• Estalidos;
• Bloqueio articular – incapacidade de dobrar e esticar o joelho;
• Atrofia do músculo da coxa – chamamos isso de inibição do músculo quadríceps. Ocorre como um mecanismo de defesa frente a doença articular;
• Incapacidade de realização de tarefas diárias– como caminhar, agachar, subir e descer escadas;
• Sensação de agravo diário– fadiga muscular e inchaço ao final do dia.
Existe algum exame de imagem que confirme a lesão?
Sim. A Ressonância Magnética, por exemplo, é um exame extremamente útil. Os aparelhos mais modernos mostram a lesão com detalhes, inclusive com estudo do seu metabolismo.
Tratamento
Existem diversos métodos para tratamento de lesão na cartilagem, que passam desde as dietas com baixos teores de substâncias pró-inflamatórias, suplementação alimentar, podendo chegar até a cirurgias para transplante de cartilagem.
Um tratamento que vem ganhando espaço cada dia mais é o realizado por meio da aplicação (infiltração) de substâncias no joelho com objetivo de melhorar a nutrição da cartilagem, hidratá-la e lubrificar a articulação para que o atrito e a velocidade do desgaste possam ser reduzidos.
São procedimentos como o VISCO-REGEN, realizados em consultório médico, sob anestesia local, que dispensam a necessidade de internações, cortes, ou procedimentos cirúrgicos (com seus riscos de complicações). Após a realização do VISCO-REGEN o paciente já é liberado imediatamente para casa, sem precisar manter repouso; e já pode trabalhar no mesmo dia ou no dia seguinte.