A síndrome da fibromialgia é um quadro de dor generalizada por todo o corpo, principalmente nos músculos. Apesar da descrição generalista e com a qual muitos podem se identificar, a sintomatologia é constante e não surge apenas depois de esforços ou exercício, causando sofrimento ao paciente e reduzindo a sua qualidade de vida.
De acordo com a SBED (Sociedade Brasileira Para o Estudo da Dor), a fibromialgia é o tipo de dor crônica com maior recorrência entre a população brasileira. Dados de 2010 estimavam que a síndrome estava presente em 2% dos brasileiros, porcentagem confirmada por um levantamento mais recente publicado na Brazilian Journal of Pain.
Mais comum em mulheres, a fibromialgia pode surgir em qualquer faixa etária e grupo étnico. Pode ser de tal forma incapacitante que, em alguns países, como é o caso dos Estados Unidos, concedem uma espécie de pensão a quem convive com a fibromialgia por não conseguirem manter rotinas de trabalho e/ou estudo.
Felizmente, há cada vez mais avanço na Medicina que permite um diagnóstico acertado da síndrome e o seu tratamento. Uma intervenção precoce e direcionada é a melhor forma de garantir aos pacientes uma experiência menos dolorosa.
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Principais sintomas da fibromialgia
Ainda não existe um consenso claro sobre a origem da fibromialgia, ou seja, a sua fisiopatologia, mas questões genéticas são frequentemente apontadas nesse sentido. Por outro lado, os sintomas são bastante claros e, apesar de não estarem todos sempre presentes e se apresentarem da mesma forma, seguem a mesma linha.
O mais evidente é a dor, que já foi citada anteriormente. Ela é difusa, o que impossibilita a sua localização em apenas uma zona do corpo, persistente e latejante. Os pacientes demonstram ainda sensibilidade muscular ao toque e caracterizam a dor como mais próxima dos ossos, ou seja, mais profunda e “entranhada”.
O nível de sensibilidade pode ser tão grande que até mesmo abraços tornam-se insuportáveis, assim como qualquer outro tipo de toque afetivo. Esse distanciamento forçado causado pela dor (e a própria convivência com ela) acaba por resultar em ansiedade e depressão, frequentemente identificadas em pacientes com fibromialgia.
Outro sintoma que também é consequência direta da dor são os distúrbios do sono. Existe uma dificuldade de atingir o estágio de sono profundo, fazendo com que ele não seja reparador. O resultado é uma fadiga extrema, dificuldade de concentração e o corpo mais contraído, acarretando mais dor.
Os portadores da doença podem apresentar ainda intolerância a odores fortes e sons muito altos, dores de cabeça constantes, síndrome do cólon irritável e mãos e pés enfraquecidos.
Como é feito o diagnóstico da fibromialgia
Durante décadas, a fibromialgia foi considerada “fruto da imaginação” dos pacientes e causada pela somatização. Isso porque não eram encontradas alterações em exames que justificassem as queixas. No entanto, essa fase foi ultrapassada e já se sabe que a dor é real ao ponto de comprometer a qualidade de vida.
Atualmente, a constatação da doença não depende mais da realização de exames laboratoriais e é feita a partir de observação clínica. O médico pode solicitar algumas análises, mas apenas para descartar outras condições que possam justificar os sintomas apresentados.
Os primeiros critérios de diagnóstico para a fibromialgia foram definidos em 1990 pelo American College of Rheumatology Committee. Eles levaram em consideração dois pontos básicos: a análise da dor e sua duração e a palpação de 18 pontos específicos do corpo, os chamados tender points.
Em 2010, a mesma entidade atualizou as diretrizes, incluindo o IDG (Índice de Dor Generalizada) e a EGS (Escala de Gravidade de Sintomas). Esses, na verdade, são considerados critérios preliminares, mas a ideia é que sejam associados às orientações anteriores para um diagnóstico mais claro e preciso.
O IDG é obtido através de uma entrevista com o paciente, onde ele identifica quais as regiões em que sente dor. No fim, esse número é somado e pode ir de 0 a 19. Já a EGS consiste em uma lista de sintomas, identificados nos últimos 7 dias, com a gravidade avaliada de 0 a 3.
A escala divide-se em fadiga, sono não reparador, sintomas cognitivos e sintomas somáticos. Os sintomas devem estar presentes ainda de forma contínua nos últimos 3 meses e não ser identificada outra doença capaz de explicar o quadro de dor do paciente.
Tratamentos possíveis
A fibromialgia é uma condição que tem tratamento e este, se realizado da maneira correta, pode aliviar muito os sintomas. Dessa forma, é possível garantir mais qualidade de vida com o alívio das dores e a recuperação da capacidade de realizar as tarefas necessárias para o dia a dia.
Para que isso aconteça, o primeiro e mais importante passo é procurar um serviço médico para confirmar o diagnóstico. Assim, o tratamento pode se iniciar o quanto antes, o que o tornará ainda mais eficaz.
O maior obstáculo para se alcançar bons resultados no tratamento é quando se utiliza uma abordagem, extremamente tradicional para o problema. O tratamento medicamentoso com opioides (derivados da morfina) e antidepressivos já chegou a ser a única opção para pacientes com fibromialgia.
O uso desses fármacos pode ocasionar déficits de memória, perda de concentração, ganho de peso e mais uma série de efeitos colaterais comuns à essa classe de medicações.
Felizmente, o cenário mudou e é possível controlar a condição com correção nutricional, suplementação, higiene do sono e prática de exercícios físicos para reforço da musculatura sob orientação, fundamental para compreender as manifestações de fadiga.
Em alguns casos, pode ser necessário proceder à reposição hormonal. Tudo depende do resultado dos exames de sangue. Além disso, são recomendadas massagens específicas para aliviar as contraturas musculares.
A recomendação de tratamentos injetáveis também é eficaz, desde que seja por um intervalo de tempo previamente determinado. Existem ainda terapias não invasivas que se utilizam da geração de ondas para agir diretamente nos tecidos afetados e pontos de dor.
Como a síndrome possui um caráter sistêmico e apresenta um conjunto variado de sintomas, o tratamento deve seguir a mesma linha e ser multidisciplinar. É fundamental entender e abordar a complexidade da fibromialgia, incluindo na terapêutica tanto as manifestações físicas como psicológicas.
Depois de confirmado o diagnóstico, é essencial recorrer a uma equipe multidisciplinar que não apenas compreenda a síndrome como também saiba lidar com ela. Com o acompanhamento certo, é possível conviver com a fibromialgia de uma forma mais digna.
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