A síndrome de Burnout e os outros distúrbios que afetam a saúde mental são temas bastante discutidos recentemente por conta do seu aumento nos últimos anos. Com a pandemia e as novas relações de trabalho, a situação se tornou ainda mais preocupante com um número grande de pessoas falando sobre esgotamento e cansaço. No caso de atletas, não é diferente. Muitos deles sofrem com a pressão de técnicos, torcida e patrocinadores e acabam perdendo desempenho.
O Burnout, como é chamado popularmente, é caracterizado pela ausência de disposição e energia por conta de períodos estressantes no ambiente de trabalho. Os motivos que levam uma pessoa a sofrer com a síndrome são diversos e precisam de cuidados por parte de todos.
Atualmente, segundo dados da Associação Internacional de Gestão de Estresse, 32% dos profissionais do país podem estar sofrendo com o esgotamento derivado do ambiente de trabalho. Esses trabalhadores podem estar próximos de se afastar do trabalho por conta de estresse ou depressão, o que gera, segundo a Escola de Economia de Londres de 2016, uma perda de US$63,3 bilhões por ano, no Brasil.
Para evitar o burnout, especialmente no caso de atletas, é preciso entender mais sobre este problema.
O que é Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout é uma doença mental caracterizada pelo esgotamento motivado por um estresse crônico no trabalho. Possui três características, sendo elas a exaustão, despersonalização e insatisfação com o próprio trabalho. Também chamada de Síndrome do esgotamento profissional, ela é presente em categorias profissionais que sofrem com muita pressão no trabalho (seja de chefes ou colegas), excesso de trabalho, competitividade excessiva e falta de repouso.
O Burnout passou a constar desde 1990 no documento de referência de doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde), chamado de CID-10. Diante disso, pode-se perceber a preocupação crescente com a saúde mental e o ambiente de trabalho.
Para entender melhor, podemos compreender o que significa Burnout, termo em inglês marcado pela junção do verbo “burn” e do substantivo “out”. Ele significa, literalmente, combustão completa e faz parte do vocabulário coloquial em países de língua inglesa, geralmente referindo a um estado de esgotamento complet e acabou por nomear a síndrome.
Algumas das categorias mais sujeitas ao desenvolvimento do Burnout são:
– Policiais;
– Médicos;
– Enfermeiros;
– Professores;
– Jornalistas.
Estas categorias costumam apresentar os sintomas do Burnout quando se exige mais dos profissionais do que é possível ser realizado. Também somado a isso, estão as necessidades de fazer jornadas duplas ou, até mesmo, triplas para conseguir o sustento próprio.
Podemos citar como fatores para a Síndrome de Burnout:
Exigência de metas incompatíveis
Quando é exigido de um trabalhador o cumprimento de objetivos quase impossíveis, o efeito pode ser um impacto na saúde mental do mesmo. Especialmente se a cobrança por essas metas for realizada de forma inadequada.
Acúmulo de demandas excessivas
Se a um trabalhador é passado um número de tarefas acima do possível para o horário de trabalho adequado e a situação continua a se repetir frequentemente, o mesmo pode sofrer com sintomas de ansiedade e começar a ter problemas com o esgotamento mental.
Falta de colaboração para o trabalho
A sensação de estar trabalhando sozinho – e com excesso de demandas – pode esgotar o trabalhador e ainda criar um ambiente ruim no trabalho, piorando o problema do burnout.
Com a existência desses fatores, uma pessoa pode entrar em burnout e acabar tendo episódios graves de depressão e ansiedade, afastando-se do trabalho e necessitando de acompanhamento médico para a recuperação.
Para saber mais sobre a síndrome, clique aqui (https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/sindrome-de-burnout-esgotamento-profissional/)
Como saber se estou com a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout é marcada pelo esgotamento da energia devido ao trabalho, porém isso acaba afetando outras áreas da vida, causando sintomas diversos. Em alguns casos, o sofrimento pode chegar a um nível de desencadear reações no corpo e facilitar o aparecimento de doenças.
Entre os principais sintomas do esgotamento estão:
– Nervosismo;
– Sofrimento psíquico;
– Sintomas gastrointestinais como a diarreia;
– Cansaço excessivo;
– Dor de Cabeça;
– Insônia;
– Estresse;
– Fadiga;
– Pressão Alta;
– Alterações de humor;
– Alterações nos hábitos alimentares;
– Dificuldades para deixar a casa;
– Dificuldades de concentração;
– Questionamento sobre a capacidade de trabalho e sentimentos de insegurança e fracasso.
Inicialmente, os sintomas podem aparecer de forma leve e parecer vindos de outras causas, porém a tendência é a piora e a possível associação com episódios de depressão ou ansiedade.
Como prevenir a Síndrome de Burnout?
Prevenir o esgotamento pelo trabalho significa tomar medidas que diminuam o estresse e garantam melhores condições para a realização das atividades. Isso significa, inclusive, dialogar com os superiores hierárquicos e exigir melhorias nas condições. Em determinados casos, pode ser necessária a busca por outro trabalho para a melhor adequação.
Para prevenir o Burnout é preciso:
– Reservar espaços livres para o lazer e o cuidado com a saúde mental;
– Fazer alterações na rotina;
– Cumprir pequenos objetivos diariamente;
– Definir um horário de trabalho e não estendê-lo (se possível);
– Fazer acompanhamento psicoterápico;
– Ter uma rede de apoio;
– Se alimentar corretamente e fazer exercícios físicos diariamente;
– Não descontar a frustração com o trabalho em comidas ou bebidas.
Caso uma pessoa já esteja sofrendo com sintomas da Síndrome de Burnout, o tratamento a ser realizado envolve terapias para o cuidado psicológico, com a possibilidade do uso de tratamento medicamentoso e o afastamento da rotina de trabalho.
O Burnout em atletas: o que causa e como tratar?
A síndrome de Burnout pode afetar qualquer trabalhador, incluindo atletas de diversas modalidades. Isso se soma ao debate sobre a saúde mental de jogadores que começou a ganhar foco nos últimos anos, com atletas da NBA e do futebol brasileiro vindo a público falar sobre suas batalhas pessoais contra a depressão, a ansiedade e a síndrome do pânico. Segundo estudo, cerca de 80% dos atletas podem já ter experienciado sintomas de Burnout.
Leia mais sobre o cuidado com a saúde mental de atletas clicando aqui.
As principais causas do burnout em atletas não diferem do trabalhador cotidiano, excetuando-se a pressão por resultados por torcedores e os treinamentos físicos. É possível citar como causas do esgotamento em atletas:
– Treinos inadequados e em excesso;
– Calendário desportivo com excesso de disputas ou irregular;
– Pressão da torcida, dos pais e também dos patrocinadores;
– Cobrança de dirigentes e treinadores;
– Rotina solitária;
– Falta de momentos de lazer;
Neste sentido, para evitar o burnout, o relacionamento entre os membros de uma mesma equipe e o relacionamento com o técnico se mostraram fundamentais para evitar o desenvolvimento de um esgotamento. Particularmente em momentos difíceis da carreira, como a transição entre categorias amadoras e profissionais, a relação entre treinadores e atletas aparece como primordial para a saúde mental.
Já o tratamento para atletas que sofrem com esgotamento, deve ser semelhante ao de pessoas normais. Isto é, contar com apoio profissional, psicoterapia, terapias alternativas, espaço para lazer, etc. No caso de atletas filiados a clubes, a presença de psicólogos nas equipes técnicas é fundamental para diagnosticar e tratar a condição com eficiência.
O esgotamento não deve ser tratado como natural!
A síndrome de Burnout é uma das principais causas para o afastamento do trabalho e para piorar a vida das pessoas. Quando não diagnosticada e tratada, pode resultar em graves episódios depressivos e de ansiedade, prejudicando quem está sofrendo com a mesma.
Para isso, é preciso sempre dialogar com pessoas próximas e também profissionais. Se você reconhece algum dos sintomas mencionados, procure ajuda de especialistas. Não ignore os sinais que o seu corpo dá.
E para o tratamento de condições ortopédicas com terapias inovadoras, entre em contato com o Instituto Regenius. Agende uma consulta de avaliação e acabe com as dores no corpo.
Fonte:
Pires, Daniel Alvarez et al. A Síndrome de Burnout no esporte brasileiro. Revista da Educação Física / UEM [online]. 2012, v. 23, n. 1 [Acessado 13 Janeiro 2022] , pp. 131-139. Disponível em: . Epub 04 Out 2012. ISSN 1983-3083. https://doi.org/10.4025/reveducfis.v23i1.14566.
Silva, Adson Alves da et al. Quality of coach-athlete relationship and coping as associated factors of stress, anxiety, burnout, and depression symptoms of soccer players in transition to professional: a prospective study. Motriz: Revista de Educação Física [online]. 2022, v. 28 [Accessed 12 January 2022] , e10220008421. Available from: . Epub 10 Dec 2021. ISSN 1980-6574. https://doi.org/10.1590/S1980-657420220008421.
Vieira, Isabela. “Conceito (s) de burnout: questões atuais da pesquisa e a contribuição da clínica.” Revista brasileira de Saúde ocupacional 35 (2010): 269-276.