Correr com osteoporose é possível? Conheça os mitos e verdades que você precisa saber.
A osteoporose é uma doença silenciosa, marcada pela redução da densidade mineral óssea (DMO) e pelo aumento no risco de fraturas, especialmente em mulheres pós-menopausa. Estudos recentes têm destacado o papel vital do exercício físico, em especial os exercícios de impacto e alta intensidade, na prevenção e manejo dessa condição. Este artigo explora o impacto dessas atividades na saúde óssea e compartilha os principais achados de pesquisas relevantes.
O Que é a Osteoporose e Por Que a Prevenção é Essencial?
A osteoporose afeta milhões de pessoas globalmente, sendo mais prevalente em mulheres pós-menopausa devido à queda nos níveis de estrogênio. Essa condição compromete a qualidade do tecido ósseo e aumenta o risco de fraturas, especialmente no quadril, coluna e punhos.
Impacto na qualidade de vida:
- Dores crônicas;
- Redução da mobilidade;
- Custos elevados com tratamentos e reabilitação.
Diante disso, estratégias preventivas como suplementação de cálcio, vitamina D e exercícios físicos se tornam indispensáveis.
A Conexão Entre Saúde Mental e Fraturas por Fragilidade
Estudos recentes indicam uma possível associação entre doenças mentais e um aumento no risco de fraturas por fragilidade e osteoporose não diagnosticada. Condições como depressão e ansiedade podem influenciar negativamente a saúde óssea, seja por alterações hormonais, comportamentos de risco ou uso de medicações que afetam o metabolismo ósseo. É crucial que profissionais de saúde considerem a saúde mental ao avaliar o risco de fraturas em pacientes, garantindo uma abordagem holística no tratamento e prevenção da osteoporose.
Modelos Inovadores para Predição de Fraturas de Quadril
A avaliação precisa do risco de fratura de quadril é essencial para intervenções preventivas eficazes. Pesquisadores desenvolveram um novo modelo de predição que utiliza variáveis clínicas e de imagem para estimar o risco de fratura de quadril nos próximos cinco anos. Este modelo mostrou-se mais preciso do que ferramentas tradicionais, permitindo uma identificação mais eficaz de indivíduos em alto risco e a implementação de medidas preventivas adequadas.
O Subdiagnóstico da Osteoporose Após Fraturas
Apesar dos avanços na medicina, a osteoporose continua subdiagnosticada e subtratada, especialmente após fraturas femorais periprotéticas. Muitas vezes, a atenção é focada na fratura em si, enquanto a condição subjacente de fragilidade óssea não é adequadamente abordada. Isso destaca a necessidade de protocolos que garantam a avaliação e tratamento da osteoporose em pacientes que sofreram fraturas, prevenindo futuras ocorrências e melhorando a qualidade de vida.
Avaliação de Risco: Modelo FRAX no Brasil
No contexto brasileiro, o modelo FRAX foi calibrado para avaliar o risco de fraturas osteoporóticas em 10 anos, considerando fatores clínicos e densidade mineral óssea. Essa ferramenta auxilia profissionais de saúde na tomada de decisões terapêuticas, identificando pacientes que se beneficiariam de intervenções preventivas. A atualização e utilização adequada do FRAX são fundamentais para a eficácia na prevenção de fraturas no país.
A Importância de uma Abordagem Multidisciplinar
A prevenção e tratamento da osteoporose e fraturas por fragilidade requerem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ortopedistas, geriatras, psiquiatras e outros profissionais de saúde. Considerar fatores como saúde mental, condições clínicas e estilo de vida é essencial para uma estratégia eficaz de prevenção, diagnóstico e tratamento, garantindo uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
Exercício: Um Pilar Fundamental na Saúde Óssea
Pesquisas indicam que o exercício físico desempenha um papel crucial na manutenção e no aumento da DMO. De acordo com o estudo de Wu et al. (2024), exercícios de alto impacto estão associados a uma redução significativa no risco de osteoporose, com odds ratio de 0,573 (95% CI: 0,406–0,810). As atividades de baixo impacto, como yoga e caminhada, não demonstraram benefícios significativos na DMO.
Exercícios de Alto Impacto:
- Atividades como corrida, saltos e levantamento de peso geram estímulos mecânicos que promovem remodelação óssea.
- Benefícios comprovados para densidade óssea no fêmur e na coluna.
Exercícios de Resistência:
- Incluem treinos com pesos e elásticos, aumentando a força muscular e protegendo os ossos.
- Protocolos de alta intensidade mostraram melhorias na DMO em estudos clínicos.
Treinos Aquáticos:
- Embora menos impactantes, exercícios aquáticos de alta intensidade demonstraram efeitos positivos na saúde óssea, especialmente em mulheres com maior risco de fraturas.
O Que os Estudos Mostram?
- Protocolos de alta intensidade e impacto melhoraram a DMO em regiões críticas como coluna lombar e fêmur.
- Homens tiveram maior proteção com exercícios de impacto do que mulheres, possivelmente devido a diferenças hormonais.
- Mulheres pós-menopausa podem se beneficiar de combinações entre impacto e resistência.
- Modalidades combinadas (resistência + impacto) apresentaram os melhores resultados na saúde óssea de mulheres pós-menopausa.
Como Iniciar um Programa de Exercícios para Saúde Óssea
- Avaliação inicial: Consulte um médico para avaliação da DMO e condicionamento físico.
- Escolha da atividade:Alta intensidade: Treinos supervisionados de resistência e impacto.
- Baixo impacto: Pilates, yoga l, musculação e hidroginástica para quem tem restrições.
- Frequência: Pelo menos 3 vezes por semana, com sessões de 30 a 60 minutos.
- Progressão: Aumente a intensidade gradualmente para evitar lesões.
Links Relevantes
Referências
- Moreira LD, et al. Physical exercise and osteoporosis: effects of different types of exercises. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58(5):514-522. Link.
- Wu M-C, et al. The association between different impact exercises and osteoporosis. BMC Public Health. 2024;24:1881. Link.
- Manaye S, et al. The role of high-intensity and high-impact exercises in improving bone health. Cureus. 2023;15(2):e34644. Link.
- FRAX Modelo Brasil: um texto clínico explicativo sobre limiares para intervenção terapêutica. Diagn Tratamento. 2019;24(2):41-49. Link.
- Mental illness may be associated with fragility fractures, undiagnosed osteoporosis. Healio. Link.
- Novel prediction model may accurately assess 5-year hip fracture risk. Healio. Link.
- Osteoporosis remains underdiagnosed, undertreated after periprosthetic femur fracture. Healio. Link.