A covid-19 tirou um grande número de vidas por todo o mundo. Apesar dos avanços na vacinação, a doença ainda é causa de internações e mortes e pesquisadores por todo o planeta buscam maneiras eficazes de tratá-la.
As células-tronco são utilizadas em muitos tratamentos e são uma esperança no tratamento de pacientes graves com a covid-19.
Entenda agora o que são essas células e como elas podem ser eficazes no tratamento da covid-19.
O que são células-tronco?
São células com poder de autorrenovação e reprodução, e se formam antes mesmo do nascimento, ainda na fase embrionária do ser humano. Após o nascimento, o organismo mantém uma pequena quantidade em alguns órgãos, que fazem a renovação constante desses órgãos.
A reprodução das células-tronco acontece de duas maneiras: reproduzem-se gerando células idênticas às originárias, ou podem reproduzir células diferentes das que a deram origem.
Quais são os tipos de células tronco?
Existem, basicamente, dois tipos de células tronco: embrionárias e adultas. Há também as induzidas, produzidas em laboratório desde 2007.
As embrionárias são chamadas de pluripotentes, pela capacidade de se tornar qualquer célula do corpo humano. Elas são encontradas dentro do embrião, após a fecundação e darão origem aos órgãos do corpo, por possuir essa habilidade de diferenciação.
As células embrionárias só estão presentes no embrião nos primeiros dias após a fecundação, pois depois passam a apresentar estruturas mais complexas e parecidas com os órgãos do corpo humano, tornando-se mais especializadas.
Todas as células do corpo humano são originárias das células embrionárias.
Já as células-tronco adultas estão, principalmente, na medula óssea e no cordão umbilical e são elas que promovem a renovação de nossas células ao longo da vida. Não são tão versáteis como as embrionárias que reproduzem-se em qualquer outra célula do corpo humano, mas podem reproduzir células idênticas e em outra com o mesmo potencial. Por exemplo, podem reproduzir células cerebrais e dos neurônios.
Células-tronco, para que servem?
A função dessas células no organismo é a de renovação celular. Na Medicina, diversos tratamentos são feitos com células-tronco, além de diversas pesquisas que estão em andamento.
Um exemplo de tratamento realizado com células-tronco é o transplante de medula óssea, que é feito há muitos anos. São utilizadas também para tratamento de doenças como mielofibrose, anemia falciforme, osteoporose, alguns tipos de leucemia, entre outras.
Pesquisas com células-tronco
A pluripotência das células-tronco embrionárias, que é a capacidade de se converter em qualquer outra célula do corpo humano, a torna extremamente especial e os pesquisadores a consideram curinga por isso.
Estudos em andamento visam, por exemplo, zerar a fila de transplantes, já que, a partir dessas células, poderia ser possível “criar” um órgão a partir de sua reprodução.
As células-tronco embrionárias são retiradas de embriões com cinco dias de desenvolvimento, fecundados in-vitro, o que gera intensas discussões na sociedade.
Já as células-tronco do cordão umbilical, apesar de serem retiradas do cordão umbilical do recém-nascido, são do tipo adultas em sua fase mais primitiva e também são utilizadas em diversos tratamentos, além de haver vários estudos em andamento em todo o mundo para incluir essas células no tratamento de outras doenças.
Células-tronco do cordão umbilical
As células-tronco do cordão umbilical podem ser retiradas do sangue ou tecidos e a única oportunidade de extraí-lo é durante o parto. As células-tronco que darão origem ao sangue e aos tecidos ficam retidas no cordão umbilical no momento do parto.
Células-tronco no tratamento da covid-19
Desde o começo da pandemia da covid-19 a comunidade científica se dedica a pesquisar formas de vencer o vírus Sars-coV-2, que provoca a doença. Seja no desenvolvimento de vacinas, pesquisas sobre os melhores meios de prevenção e no tratamento, pesquisadores trabalham em todo o mundo buscando maneiras de evitar infecções e mortes.
Em busca de tratamentos eficazes, há estudos sobre o uso de células-tronco em pacientes acometidos pela covid-19.
Infusões de células-tronco em pacientes graves de covid-19
Em abril de 2020 a FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos autorizou um estudo realizado pelo Diabetes Research Institute com especialistas da Universidade de Miami, que foi publicado na SCTM (STEM CELLS Translational Medicine) em janeiro de 2021. O estudo mostrou que infusões de células-tronco em pacientes graves podem reduzir o risco de morte e agilizar a sua recuperação.
O estudo foi duplo-cego, que é quando as pessoas são divididas em dois grupos e um recebe o tratamento e outro placebo, depois compara-se o resultado entre os dois grupos.
Após um mês, mais de 85% dos que receberam o tratamento sobreviveram e no grupo que recebeu placebo esse número foi a 42%. Concluiu-se que o tratamento é seguro e sem efeitos adversos. No grupo tratado com a infusão de células-tronco, além de apresentar um número maior de recuperados, esses pacientes voltaram para casa mais rapidamente, em cerca de duas semanas.
O estudo mostrou que as células-tronco têm efeito anti-inflamatório e imunomodulador. Um efeito marcante da covid-19 é a “tempestade de citocinas”, que as células-tronco foram capazes de inibir.
Estudos com células-tronco e covid-19 no Brasil
No dia 1º de outubro deste ano a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um estudo com células-tronco no tratamento de covid-19. O tratamento é voltado para pacientes com pneumonia viral provocada pela doença.
Os testes serão feitos no Paraná, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul e serão patrocinados pela Associação Paranaense de Cultura (APC) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).
O ensaio avaliará a recuperação de 60 pacientes graves e moderados com diagnóstico de pneumonia viral causada pela covid-19 confirmados pelo exame RT-PCR que deverão assinar um termo de consentimento.
Segundo um dos coordenadores do estudo, 15 pacientes já foram tratados com essas células e tiveram redução nos níveis de inflamação.
Os hospitais participantes do estudo são – em Curitiba: Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Hospital do Trabalhador e Hospital Evangélico Mackenzie. Em Salvador, no Hospital Espanhol; em Porto Alegre no Hospital de Clínicas e no Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro.
O estudo utilizará células-tronco do cordão umbilical. Elas deverão agir na inflamação do pulmão, umas das causas mais frequentes de complicações da covid-19. Outro ponto positivo é que o vírus não consegue penetrar essas células, o que torna o tratamento ainda mais efetivo.
O estudo será monitorado pela Anvisa, e todos os pacientes deverão ser cadastrados no órgão. Um comitê de monitoramento formado por especialistas de diversas áreas do conhecimento irá supervisionar os ensaios clínicos.
Importância dos estudos com células-tronco
Os estudos com células-tronco e covid-19 podem ser muito positivos e salvar muitas vidas e as expectativas são muito boas.
Além de poder tratar a doença que tirou a vida de tantas pessoas mundo afora, os estudos podem trazer luz a outros em andamento e auxiliar no tratamento de outras doenças. No estudo norte-americano, por exemplo, os pesquisadores têm expectativas de conseguir tratar outras doenças que apresentam respostas imunes e hiperinflamatórias, como o diabetes tipo 1.
Gostou de conhecer um pouco mais sobre a relação entre células-tronco e covid-19? Aproveite para descobrir como funciona a terapia com células-tronco para tratamentos ortopédicos, como a osteoporose!